Conto baseado no RPG Lobisomem: O Apocalipse.
Querido
diário,
Quem
diria
que
eu
voltaria
a
escrever
em
você,
meu
antigo
confidente.
Logo
eu
que
aprendi
a
declamar
as
glórias
e
os
feitos
dos
meus
irmãos
garous
nas
assembleias.
Eu
que
aprendi
a
usar
a
minha
voz
para
embalar
os
mais
refinados
ouvidos
com
meus
contos
ou
com
a
melodia
da
minha
flauta.
Agora
estou
aqui
escondendo
um
segredo
entre
essas
linhas,
um
segredo
que
em
breve
será
visível
a
todos.
Poesias,
canções,
amor.
Um
galliard
aprecia
tudo
isso
e
muito
mais
e
talvez
seja
o
augúrio
que
mais
se
emotiva
e
encare
os
sentimentos
com
mais
fervorosidade.
Sei
disso
porque
também
nasci
sobre
a
lua
gibosa
e
também
fui
arrebatada
por
sentimentos
fortes.
Não
agi
por
mim,
deixei
o
coração
me
guiar
e
por
fim
cometi
algo
errado.
Estou
tentando
esconder
o
meu
erro,
só
não
sei
até
quando...
Amor.
Foi
esse
sentimento
que
me
arrebatou.
Arrebatou
um
coração
jovem
e
inocente:
o
meu
coração.
E
eu
fui
de
corpo
e
alma,
me
entreguei,
amei
e
agora
estou
desabafando
aqui.
Espero
que
guarde
esse
segredo
aqui
nessas
linhas.
Assim
que
passei
pelo
ritual
passagem,
fui
integrada
a
um
matilha
composta
por
homens.
Eu,
uma
Fúria
Negra,
convivendo
ao
lado
de
um
Fianna,
de
um
Senhor
das
Sombras,
de
um
Cria
de
Fenris
e
de
um
Andarilho
do
Asfalto.
Confesso
que
no meio de tantos homens, achei que ia pirar. Mas o destino me pregou
uma peça e ao invés de irritar-me com a presença deles, acabei me
apaixonando por um.
Não, eu não lutei contra essa
paixão e nem ele também lutou. Mesmo sabendo que era contra a
litania, nos entregamos. De corpo, alma e coração. Foram meses
felizes, tendo seu cheiro e seu sabor sempre presentes. Meus
companheiros me alertaram, mas ignorei. Queria viver cada momento ao
lado dele, sem me preocupar com nada. Esse foi o meu erro.
Com lágrimas nos olhos, eu olho para
meu próprio corpo que muda a cada instante. O que ainda consigo
esconder, em breve será impossível. O que carrego comigo, o que
seria uma benção para muitos, é um pecado para meus irmãos. Não
sei o que fazer. Socorro!
Por isso escolhi escrever aqui,
desabafar por entre palavras o que estou sentindo. Tenho que tomar
uma providência rápido, mas minha cabeça está girando. Preciso de
ajuda, mas para quem devo contar? Para ele? Seria o certo...
Enquanto não decido o que fazer,
deixo minhas lágrimas correrem e tento abafar meus soluços,
escondendo para mim o que carrego em meu ventre: um pequeno impuro.
Abnara Campbell